“banho tomado é sinal de convite”, já dizia a minha avó. eu já acho que “tempo é sinal de convite” e é neste tempo - quando me sobra - que faço os meus convites, na maioria das vezes para mim mesma. não por egoísmo, mas pelo prazer próprio que por muitas vezes é indivisível. por muitas vezes me tirei pra dançar, pra comer bobagem, para me abraçar enquanto choro, para me sentir, para me acariciar. prazer? sempre há... eu já percebi, mas com certeza você não...
os pequenos prazeres da vida são desliciosos e geralmente é sozinho que vc aproveita melhor isso. um dos meus pequenos prazeres é tomar banho. volto as sábias palavras da minha avó: "banho tomado é sinal de convite". ok, o prazer indivisível pode abrir um exceção. mas talvez ela tivesse razão. sabia falar por metáforas mesmo sem ao menos entender o sentido inteligível desta frase. banho tomado é sinal de ar novo, novas experiências, permissões, cara limpa, junto ou separado. banho tomado é estar aberto a novas oportunidades, nem que seja para se sujar de novo. sujar é experimentar. bom demais né?
eu já tomei o meu banho, e você?
terça-feira, 14 de outubro de 2008
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
a escolha
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
mr8
vermelho, doce, lágrima, inquietude, arte, escrita, toque, leitura, fala, libra, líquida, amarga, híbrida, alérgica, mulher, sorriso, beijo, unhas, boca, pernas, indecisão, pulseiras, literatura, detalhes, cabelos rebeldes, morangos, respingos, vodka, cereja, preto, chocolate, prata, traço, fissura, medo, vertigem, pintura, abacaxi, quietude, cor, colagem, gargalhada, vestígios, olhares, expressões, gestos, manias, rímel, abraço, passos curtos, dedos longos, vestidos, fibras, concreto, matizes, loucura, sapatilhas, piadas internas, insensatez, recorte, desafio, flor, mariangela, campos, honorato.
terça-feira, 7 de outubro de 2008
07/10
eu me lembro que meu pai sempre dava tudo a ele - o mundo se possível - mas este mundo sempre vinha através dos objetos que ele mais gostava. uma hora era a bicicleta, em outra aquela mochila de marca que tanto queria. ele sempre foi diferente, era doce e meigo, apesar de um tanto mal-humorado. em comum tínhamos apenas o signo e a proximidade dos aniversários. com o tempo vimos crescer a doçura que ele herdou da minha mãe.
quando éramos pequenos, antes de dormir, havia um ritual. deitávamos na mesma cama, mas em direções opostas e um dos dois sempre iniciava uma briguinha com os pés. um dia eu, outro dia ele. a medida era contar até cem, aí a nossa guerra acabava.
uma irmã mais velha, e três irmãos mais novos: coube ao Allan ser o filho do meio, assim como eu. aquele que fazia do sorriso o caminho entre um lado e outro da família. vivia tão perto da minha mãe que tinha um truque secreto que o fazia também próximo ao meu pai. mas o elemento proximidade foi uma coisa que ele sempre conseguiu em qualquer lugar que estivesse sem nenhum esforço.
ao longo do caminho, vivemos histórias diferentes. por conta das nossas escolhas, as nossas distancias... a sua foto na carteira sempre esteve aqui, ainda que às vezes soasse apenas como lembrança.
três anos exatos nos separam. ele se casou aos 25, eu, fazendo 25, ainda não me casei. ele teve uma só namorada e se casou com ela, eu que tive mais que 3 ainda não me casei. ele não tem filhos, mas sonha muito em tê-los. já eu ... não posso dizer. ele tem a doçura que ainda procuro em mim.
o tempo passou e nos fez perder muitas coisas pelo caminho. as nossas birras e diferenças também se foram. por um momento fomos de gerações quase distintas. hoje não somos mais. temos os nossos vinte e poucos anos e que seja assim, para sempre. a vida nos deu um para o outro e descobrimos tanto em comum.
desde que ele saiu de casa, quando nos vemos, as despedidas ficaram maiores e os abraços e beijos se tornaram tão compridos... maiores e mais longos que de costume, mas nunca dizemos nada porque quase nunca é preciso. os gestos falam por nós.
com cada irmão é uma história de amor. a nossa é assim.
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
um estranho ser (que não existe)
você diz que não, mas sabe surtir em pequenas delicadezas. sabe fazer carinho, ser criança, ser protetor e protegido por vezes ou outras. e é esta alternância que adoro. como este teu vocabulário de terminações incertas, imprecisas, mas puras, como quando diz “pode pô”, para explicar que posso colocar algo em algum lugar ou “uê?” pra me questionar sobre qualquer assunto. gosto das conversas paralelas, desacertadas por vias virtuais, meios que agente nunca sonhou mediar, mas que é o nosso predileto. na língua falada você diz o certo que eu não sei dizer. escrevendo é certo que ganho de você. me perco e me acho em todos os seus defeitos que me parecem tão certos que não acho ser justo merecer um adjetivo assim, tão incorreto. me encanto com a nossa medida competitiva em relação à todas as coisas. me envolvo com os seus meros detalhes, como as suas camisas lisas de cores alternadas. Aprendo todos os dias a palavra “você” de forma diferente, simplesmente porque você não é como os outros.
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
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