quarta-feira, 20 de março de 2013

toc

as impressões ficaram retidas em um caderno. era lágrima em cima de lágrima, borrando a escrita, salgando a palavra. muitos nós a desatar, alguns na garganta, outros na corda bamba da vida. se juntasse todas as vidas que teve em apenas uma, teria 507 anos;estaria seca nos olhos, puída na pele e petrificado o coração. teria extremidades elétricas a fim de repelir qualquer contato que lhe fizesse humanizada, querendo tocar, mas com mãos escamadas como as de um réptil não conseguia reconhecer seres pelo tato. a boca entreaberta não se movia há tempos,cansara de falar, tornando estática a articulação mandibular. queria gozo, queria vida, a mesma vida dura que lhe conferia seus joelhos em brita, a mesma que lhe dera o oxigênio e lhe arremessara fogo. queria ar ou uma janela, ganhou uma virtual que lhe sufocou pela falta do físico, do palpável, do próximo. ficou a dúvida, foi-se a verdade. recorreu ao caderno... não sabia mais escrever.