segunda-feira, 12 de agosto de 2013

classificados

tenho um arrepio na alma que parece não passar. tenho a pele frágil ao toque, um coração ansioso por amores quentes que aqueçam a pele durante todas as estações. se me pegar leva. se me pescar, posso escorregar. necessito de mãos acolhedoras que me envolvam e que se anunciem sem palavras.gosto dos tons fortes da terra, mas não da sua consistência, prefiro a rigidez do concreto. admiro a permissividade do que deixa gosto, e de quem se dá com gosto. gosto do cheio, do muito, as vezes do excesso, só pra não deixar faltar. gosto dos líquidos, fluídos e de tudo que possa migrar de um ser para o outro. gosto de quem se permite e se deixa ouvir o som de sua respiração. tenho um desejo eloquente pelos ritmos do corpo; batimentos cardíacos, piscadas por minuto, quantidade de suor na pele durante as emoções, crescimento de cabelos, unha, barba. gosto dos sintomas de crescimento. do que se assemelha a todos sem ser igual.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

saiu pra passear e esqueceu as gavetas abertas. não havia nada nelas, não havia motivos pra fechar, não existia zelo pra guardar. na madeira do compartimento só farpas de um passado que levou pertences importantes, mas os valores reais ficaram no coração, somado a mais algum desejo de aquisição, um resquício de desejo que só serviu para comprar novos pertences. escolheu uma feira de preços módicos, numa dessas onde se vende comidas, ervas e objetos. teve cautela, olhou corações no açougue; não queria mais nada dos animais, preferiu um músculo cardíaco de alpaca feito pelo hippie da calçada.