sábado, 27 de junho de 2009

risco


o espaço entre o pavor e o medo era apenas uma linha delicada, quase invisível. duro eram os dias de solidão explícita, cortante como uma faca afiada. a palavra lasciva ouvida há uma semana lhe deixara marcas irreversíveis. antes tudo era cristal, desejo de consumo frágil, intocável, perfeito... imerso nos dias. e foram exatamente eles que mostram verdades quebráveis e afiadas. nada mais era o mesmo. portas e portais se fecharam um a um. o espaço era vazio e vão; nunca houve uma verdade, porque esta jamais se fez existir. a palavra era farsa, o beijo era farsa, o sorriso também. ficou a dúvida do toque... este se fazia real, e era naquele exato momento que sentia de volta os seus desejos mais profundos e intocáveis, sem parecer paradoxal, há exatamente uma semana, era isso que a fazia existir.

sexta-feira, 12 de junho de 2009


não teve a sorte de um amor tranquilo porque não provou amores; não dissecou seus desejos, anulou suas vontades. a princípio, a vitória: deixou de perder alguns reais com presentes, jantares, surpresas. mas logo percebeu que a sua realidade era mais cara que qualquer moeda de alto valor. pagou o preço amargando a solidão dolorida de uma sexta-feira 12, com cara de 13. ficaram pra trás vontades incontáveis: queria ser tocada, desejava se sentir importante para alguém, menos que algo, mais que nada, sobretudo, a esta altura, companhia era sonho, solidão era estar consigo mesma.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

cisco 2

muitos nomes cabem dentro do seu nome. muitas pessoas cabem dentro de voce. quando soletro j-o-ã-o-f-r-a-n-c-i-s-c-o me sinto feliz. sinto conforto. sinto muita gente com este nome, parece um concenso da maioria, mas sem soar mercenário, tendencioso. esta medida composta me deixa feliz e forte como tomar suplemento vitamínico pela manhã. dá vontade de pedir no bar da esquina, em qualquer canto: " uma dose de joão francisco, por favor". parece droga (sem ser uma droga), pois vicia e é inevitável.
joão para a mãe, francisco filho do pai de mesmo nome, cisco para mim. um pedacinho pequeno que cai no olho, mas não incomoda. cisco nos olhos dos outros é refresco, mas não o quero nos olhos de ninguém. prefiro no meu.