quarta-feira, 25 de março de 2009

(re)nomeando


especialmente hoje vou postar duas vezes. só porque me veio à tona um assunto que há tempos penso e que agora vem a calhar em virtude destas mudanças (reformas) em nossa língua portuguesa(brasileira).
comentando hoje num blog que muito estimo, percebi que a google e afins(blogger, orkut, etc...) cria palavras (códigos) para que possamos garantir a nossa publicação e estar salvo dos spans. enfim... notei que estas palavras codificadas - antes apenas letras soltas - agora ganham forma intercaladas por vogais, formando, assim algumas palavras. ainda que estas não tenham sentido algum.

volto ao assunto que há tempos não sai da minha cabeça: palavras que deveriam existir. palavras estas que deveriam compor o nosso vocabulário, mas, por ninguém ter lembrado delas, nunca adjetivaram objetos, sentimentos, coisas, lugares, etc.

nos meus primeiros estudos de design lidei com isso. o professor entregava uma folha de papel paraná( o papel mais horrível que conheço) e pedia para darmos forma há duas palavras inexistentes: takete e maluma. em minha concepção visual, reproduzi a takete de forma muito quebrada, cheia de farpas porque é exatamente isso que me lembra algo que viesse a ter este nome. maluma me soa mais orgânico, plásmico, ondulado. e foi assim que traduzi visualmente a concepção desta palavra. com tudo isso chego à pergunta que não quer calar: será que lidamos com as palavras certas?

para mim, camisa não tem este nome de cara. e um cd, por exemplo, parece ser muito mais que um compact disk( esta composição inglesa mesmo abrasileirada tem palavras muito quebradas para algo tão circular, tão cíclico).porém os "o's" da palavra "redondo" a deixam bem redonda mesmo. ponto para língua, esta palavra é uma das que fazem jus ao nome.

podia hoje estar falando em outro código todas as palavras que falo hoje. podia estar livre das abreviações e estrangeirismos. podia... "podia" é uma palavra que injustamente lembra outra bem mais grosseira. acho que é por isso que algumas palavras poderiam sim, ter outro nome.

You've never seen the lonely me at all


durante a noite sonho com coisas estranhas. elas não tem pé nem cabeça, mas estão lá. ninguém conhece os meus fantasmas, que me assombram todos dos dias me enchem de desejos, dores, vontades e no final das contas me mandam ir embora...
2009 me trouxe uma inquietude, um azedume aqui por dentro, uma terrível vontade de obedecer aos meus fantasmas.alguma coisa diz que a hora da partida está chegando. que este meu pequeno universo agora é realmente pequeno demais para mim. as cores estão diferentes, os sorrisos não são mais os mesmos. não mais me lembro da criança dentro de mim.

sábado, 21 de março de 2009

querência


não há nada que me tire mais do sério que a importância que os outros dão aos outros. explico: aquele individuozinho preocupado em se vestir com a camisa que todos usam – a que geralmente é a mais cara, logo, a mais aprovada pela grande massa dos que vão em vem. ou ainda aquele sujeito que não anda com o gay porque todos vão achar que ele também é um. e também àqueles que ostentam um orgulho tosco na ponta do nariz, mas não valem o lenço de papel usado. uma dose de bom senso não faz mal a ninguém, mas por favor, me poupe do falso moralismo, das falsas objetividades. um dia ela rui, acaba como todas as coisas boas da vida. prefiro abraçar quando quero, dizer eu te amo quando este for sincero, reclamar as dívidas quando elas se fazem presentes. e sentir raiva da vida quando se é preciso. e sim claro... não sentar numa calçada para beber vodka com dióxido de carbono. meu dinheiro e meu estomago valem mais do que uma vitrine para mim mesma.
QUERO APENAS QUE AS MINHAS FRASES SAIAM EM CAPS LOCK QUANDO EU QUISER SER OUVIDA. Olhar com pesar quando sentir peso em meus ombros. Quero que tudo pareça silêncio quando quiser quietude. Querotudojuntinhoquandoquiserficarjunto. fazer tudo depressa quando quiser o meu tempo. e-t-u-d-o s-e-p-a-r-a-d-o- q-u-a-n-d-o-a-m-i-n-h-a-m-a-l-d-i-t-a-l-i-n-g-u-a-m-e-t-r-a-i-r.

domingo, 15 de março de 2009

a vida(para quem fica)*



dia destes estava pensando sobre partida, após a morte do pai de um amigo. pode parecer um tanto clichê falar sobre isso, já que todos enxergam a morte exatamente da mesma forma. o estranho mesmo deste acontecimento é que há poucos segundos a pessoa estava lá, e num lapso de segundo não está mais. parece óbvio, mas muita vida se vai neste espaço/tempo. são instantes que separam um grande momento de um vazio incompensável. a dor da perda parece, sobretudo, um viés para uma nova vida para quem vai, e uma ruptura brusca para quem fica. um percurso grande há de se percorrer até que tudo se resolva, se reestabeleça... até que a ordem das coisas sigam para sua real ordem natural, mas até lá o que nos consola? o que nos reafirma?

enquanto repórter de polícia "cobri" muitas mortes... vi entes perderem os seus, e todas elas tinham algo no rosto... algo que está apenas lá, apenas no rosto de quem perde: um desejo inacabável por proteção.

Acho que os dias que se seguem acabam servindo como amortecedores, anestésicos ideais que cabem àquela situação. a proteção está aí: nada como dia após o outro. é isso que faz a tão falada "ficha cair". a maturidade dos dias compensa este instante - o da perda - que parece interminável, mas que é finito, por conta desta vida que fica para quem fica.

* (in memorian) Luiz Carlos Felisberto de Lima