sexta-feira, 20 de abril de 2012

old paper


estou ficando velha e amarela como os papéis do meu passado. numa contagem regressiva até a década do meu nascimento tudo é amarelo, velho e puído por traças. minha certidão de nascimento é assim, as imagens dos takes dos jogos de futebol do meu tempo, as fotos de bebê e até as roupas da infância que me restaram. o elo entre aquele amor e a vitalidade soberana até os 25 agora faz contagem reversa,conspira contra, é volátil. sou mais velha que a minha tia que nasceu em 1957, já que morreu aos 18. sou mais velha que a minha mãe quando me concebeu. sou mais velha que o meu pai quando casou. sou mais velha que alguns amigos que nasceram antes de mim e que já não existem mais. sou mais velha que hendrix, joplin e morrison. não acredito em contos, já não aumento pontos. a idade traz coisas que não se pode esconder. a velhice fundamenta, grifa em vermelho, mostra as marcas na cara e é maior que a juventude. é soberana e irreversível.

2 comentários:

Wellington Cordeiro disse...

Apesar de não concordar com sua "velhice", reconheço seu brilhante talento com as palavras.
beijo de seu fã apaixonado.

Well

DIOGO D AURIOL disse...

Texto lindo! Parabéns! Me emocionou bastante.
beijos.