domingo, 15 de março de 2009

a vida(para quem fica)*



dia destes estava pensando sobre partida, após a morte do pai de um amigo. pode parecer um tanto clichê falar sobre isso, já que todos enxergam a morte exatamente da mesma forma. o estranho mesmo deste acontecimento é que há poucos segundos a pessoa estava lá, e num lapso de segundo não está mais. parece óbvio, mas muita vida se vai neste espaço/tempo. são instantes que separam um grande momento de um vazio incompensável. a dor da perda parece, sobretudo, um viés para uma nova vida para quem vai, e uma ruptura brusca para quem fica. um percurso grande há de se percorrer até que tudo se resolva, se reestabeleça... até que a ordem das coisas sigam para sua real ordem natural, mas até lá o que nos consola? o que nos reafirma?

enquanto repórter de polícia "cobri" muitas mortes... vi entes perderem os seus, e todas elas tinham algo no rosto... algo que está apenas lá, apenas no rosto de quem perde: um desejo inacabável por proteção.

Acho que os dias que se seguem acabam servindo como amortecedores, anestésicos ideais que cabem àquela situação. a proteção está aí: nada como dia após o outro. é isso que faz a tão falada "ficha cair". a maturidade dos dias compensa este instante - o da perda - que parece interminável, mas que é finito, por conta desta vida que fica para quem fica.

* (in memorian) Luiz Carlos Felisberto de Lima

2 comentários:

Carol Santos disse...

Mari,

Passei por aqui e li um pouco do que escreve...Que legal!Publique mais poxa!
Linda sua publicação.
Um grane bjo.
Obrigada por tudo!

CAROL

Felisberto disse...

Olha Mari, lindas as palavras!
Parabéns!
Faço minhas as palavras de Carol, Publique mais...
Abçao e obriigado pela força!!
Iria ser o seu seguidor, mas nao abriu a opçao! rs.. Indico o seu Blog.